Daniel Johnston – Is And Always Was

Is And Always Was [2009] <- Download

Algum tempo atrás,  anunciou-se que o próximo trabalho de Daniel Johnston seria produzido por Jason Falkner, mais conhecido como colaborador de Paul McCartney e de Beck. Segundo nota divulgada para a imprensa, a intenção seria dar vida, pela primeira vez, às “rock and roll symphonies” antes existentes apenas na misteriosa mente de Daniel.  É natural, diante de tal declaração, imaginar um novo Smile — sons mágicos; um universo inexplorado, de dimensões impensáveis. Um observador mais atento, contudo, teria previsto a saída bem mais simples que acabou se concretizando.

Maior referência na obra de Johnston, além de grande ponto em comum entre ele e o produtor, em Is And Always Was vêm à tona, com clareza e segurança inéditas… os Beatles. Dentro da torturada cabeça,  ao lado do Capitão América, marcas de refrigerante, Jesus e o Capiroto, temos velhos arquétipos roqueiros, da mesma sinceridade tocante que fez a boa reputação do gênio de Daniel. Is And Always Was (compre aqui) é um álbum pop despretensioso para os padrões vigentes. Excluídos os tão alardeados distúrbios, o que separa Johnston dos demais — diferente do que uma leitura superficial de seus discos anteriores pode apontar — é, afinal, sua sensibilidade. Ele é um artista; simples assim. E o Daniel Johnston “normalzão” nada deve ao antigo.

Daniel Johnston - Queenie The Doggie
 Daniel Johnston - High Horse

Beck – One Foot In The Grave

One Foot In The Grave [1994] <- Download

Poucos meses depois, pela K Records, veio One Foot In The Grave. Gravado em Olympia, no Dub Narcotic Studio (também conhecido como porão da casa do Calvin Johnson), ele é diferente de seus predecessores, com uma pegada bastante orgânica e despida, privilegiando a performance segura e a faceta acústica de Beck.  Há também, no entanto,  momentos elétricos, sempre bons por sinal. Fãs do Beat Happening têm grandes chances de gostar desse disco, que tem significativas aparições do Calvin aqui e ali, como na sensacional Atmospheric Conditions.

Atmospheric Conditions

Beck – Stereopathetic Soulmanure

Quando foi descoberto e elevado ao status de ícone pela geração slacker da década de 90, Beck Hansen já tinha percorrido um caminho razoável. Após largar a escola, adquiriu experiência se apresentando na rua pela Europa. Foi para Nova York, tentando se enturmar na cena anti-folk no fim dos anos 80, de onde retornou de mãos vazias para sua cidade natal, Los Angeles. Em 1993, a Flipside lançou seu single MTV Makes Me Want To Smoke Crack, e logo depois saiu Loser, pela Bong Load Records. A música fez tamanho estardalhaço nas rádios alternativas de LA – e em seguida de várias outras cidades americanas – que a Bong Load não deu conta. Rapidamente começou a disputa pelo passe do (até pouco antes morto de fome) cantor, que acabou indo para a DGC, subsidiária da Geffen. Com a menor quantia em dinheiro, mas com a ousada proposta de permitir lançamentos de menor apelo comercial por selos independentes, a gravadora não se saiu nada mal. O relançamento de Loser em 1994 entrou nas paradas do mundo inteiro, chegando ao número 1 nos Estados Unidos. Beck não se esqueceu do combinado: ainda naquele ano vieram dois discos independentes.

Stereopathetic Soulmanure [1994] <- Download

Stereopathetic Soulmanure saiu pela Flipside uma semana antes do multi-platinado e esquizofrênico Mellow Gold, da DGC. Não menos esquizofrênico, é composto por gravações baratas feitas desde o fim dos anos 80 e abrange de sons próximos ao Pussy Galore, como a abertura Pink Noise, até momentos de folk tosco no estilo cantor de rua, reunidos como uma coisa só. Os temas também variam bastante, e títulos como Satan Gave Me A Taco, Ozzy e Jagermeister Pie já indicam quanto conteúdo um só disco do Beck é capaz de reunir.

Pink Noise